No Mediterrâneo, próximo à costa oeste da Itália, procuramos um lugar bom pra nadar e finalmente ancoramos o barco. Achei um bom momento pra avisar nossos amigos que alugaram o barco pra nos mostrar esta parte da costa de um detalhe importante: "acho que nem comentei, mas não sei nadar [sorriso sem jeito]". A expressão foi a mesma no rosto do casal e dos dois filhos de 10 anos. Podia ler um "será que ele falou mesmo que não sabe, ou que sabe?" Pois é, não sei. Já tentei, entendi um pouco da técnica, mas simplesmente travo.
Não que eu tenha mentido. Fato é que ninguém me perguntou se eu sabia nadar. Mas tudo bem, os guris aproveitaram e usaram o barco de trampolim e se atiravam na água de tudo que era jeito enquanto a mãe cogitava entrar na água e fazer snorkel pra dar oi pra uns peixinhos.
Isso também não quer dizer que eu não tenha aproveitado e o aluguel do barco tenha sido um desperdício. Afinal de contas, nos mostrar a costa não se limita apenas a nadar. Se fosse só isso teria ido pra uma piscina, não pra costa da Itália. Mas uma piscina jamais conseguiria imitar o tom de azul daquela água.
O azul parecia ter sido criado ali na hora, um tom escuro, vibrante e calmo tudo ao mesmo tempo. Parecia que um filtro tinha sido aplicado ao meu óculos só pode! Todas as cores eram vivas, pareciam saltar dos lugares. O azul do céu era imitado pela água, enquanto o o verde da mata ficava valorizado por contrastar com o branco das rochas.
Praias - fora de Cinque Terre
Portovenere fica numa das pontas de Cinque Terre e a entrada pelo mar é única. Será que era assim que os exploradores se sentiam quando chegavam pelo mar em algum lugar novo? Com a ilha de Palmaria do lado direito e o continente do lado esquerdo a chegada em Portovenere é observada de cima pela igreja de São Pedro desde 1277. Naquela costa o azul já era um pouco indeciso, às vezes azul, às vezes verde.
Verde é com certeza uma parte escondidinha de Lerici. A água-viva desencorajou quem estava a fim de entrar na água ao mesmo tempo que pra mim deixou apenas mais bonito aquele momento. Com elegância a água-viva passava ao lado do barco, sem ameaçar, sem fazer nada, apenas lembrando que a natureza está viva e é soberana. A calmaria da água era respeitada pelos vários barcos atracados próximos à costa e quebrada apenas por algumas pessoas que nadavam, longe da água-viva, mais perto da costa.
O verde mudava junto com os raios de sol. Na sombra, escondido do sol, o verde é escuro. Parece que pegaram muitas esmeraldas, derreteram e a gente está de barco em cima disso. Já com os raios de sol a água é clara, como se aquele mar fosse uma piscina e o fundo fosse daquela cor.
O calor do meio de agosto era convidativo até pra mim, que não sabia nadar. Não confio em colete salva-vidas (prometo que vou tratar isso) mas me senti confortável o bastante pra descer a escada de trás do barco e ficar um pouco na água, como se fosse um saco de chá, até me segurando com uma das mãos na escada do barco. Cinco minutos no máximo, perfeito, no ponto.
Aproveitamos a conveniência e autonomia de estar de barco e parar onde e quando queríamos, e o almoço na ilha de Palmaria não poderia ser mais conveniente. O restaurante Locanda Lorena tem uma massa com pesto que é a melhor massa que a Guria já comeu. E se a Guria falou, tá falado! O restaurante fica na ilha, mas o restante dos lugares é no continente então fica fácil andar por esta região toda de carro. O que ajuda é se hospedar na região de La Spezia ou de onde pegamos o barco, em Bocca di Magra (detalhes sobre a locação aqui - obrigatório reservar antes).
Pontremoli
Este casal de amigos alugou o barco pra mostrar um pouco da costa da região de onde ela é. A cidade em si é chamada Pontremoli, com pouco mais de sete mil moradores. Perdemos por pouco o festival medieval que acontece na cidade uma vez por ano e conta um pouco da importância histórica dela. Mas o que mais achei interessante foi que Pontremoli era por onde passava a chamada Via Francigena. A palavra Francigena significava "da França", que é de onde a rota vinha.
Há boatos que começava na verdade em Canterbury, aqui na Inglaterra. Ainda hoje algumas pessoas fazem esta peregrinação passando por Inglaterra, França, Suíça e indo até Roma. Desde a Idade Média a rota é usada para ir até a Santa Sé, no Vaticano.
Outro dia posso falar só sobre a Via Francigena, quem sabe quando visitar eles de novo. Até lá também aprendo a nadar.
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