A atividade de viajar deveria vir com um manual de instruções junto, tu não acha? Meio que uma listinha com coisas básicas e necessárias que tu deve fazer numa viagem. Dizem que uma viagem sempre muda as pessoas mas não imaginei que fosse nesse sentido que aconteceu comigo. Antes de ir a Londres eu tinha feito outras viagens, mas a ideia era sempre a mesma: ir, conhecer o lugar, fazer o city tour básico, comer em um ou outro restaurante tri e voltar pra casa. Parece que o viajar dizia respeito mais ao fato de ir e voltar do que curtir o lugar em si.
Essa viagem à Europa (Londres e Paris) me fez repensar sobre o modo de viajante que eu sou. Afinal, eu não podia mais continuar conhecendo as cidades como se tivesse de passagem e vendo sempre o lado A. Como agente de viagens eu aprendi isso e comecei a recomendar isso pros meus clientes. Aos poucos, ainda quando estava em Londres, comecei a me dar conta que estava pisando num lugar onde os monarcas britânicos foram coroados, ou então onde os Beatles trafegavam todos os dias, ou ainda onde muitas cenas de filmes foram rodadas.
Chega, já é hora de virar turista profissional.
Sabe aquela história do "arroz eu como em casa"? Pois é, segue a mesma linha. Pra que atravessar o atlântico pra ficar frequentando Mc Donalds? Eu proíbo meus clientes a pisarem num Mc Donalds ou qualquer fast food durante uma viagem.
O que vale durante uma nova aventura, no exterior ou no Brasil, é justamente as novas experiências: um novo sabor experimentando novas comidas; um novo ponto de vista da história quer seja "tirando o pó" dos locais históricos da cidade, quer seja visitando um museu; uma nova amizade puxando papo no pub; novas palavras no idioma local, rindo e fazendo rir ao pedir informação; um novo museu ou atração turística escondido ao bater perna pela cidade; ou então o principal: uma nova mente, aberta e apta a aceitar o que der e vier.
Por exemplo, se um dia eu voltar...
No Rio, vou numa favela.
Em Recife, vou explorar a história da cidade
Na Praia do Forte, vou até Salvador pra, também, explorar a história da região
Em Montevideo, vou comer uma parrilla
Em Punta del Este, vou tomar banho na praia e jogar num cassino à noite
Em Colonia del Sacramento, vou respirar a história presente ali e não apenas ouvir ela
Em Buenos Aires, vou tomar um café e ver a cidade passar
Em Santiago, vou andar mais de metrô
Em Bogotá, vou visitar mais a cultura local e não só o que é feito pra turista ver
Em Cartagena de Índias, vou desbravar mais a história dos piratas do caribe
Em Punta Cana, vou conhecer mais a cultura local e o lado de fora dos super-mega-big resorts
Em Paris, vou conhecer mais a arte clássica e a música deles
Enfim... Sempre que voltar a algum lugar, vai ter coisa pra fazer, mas a ideia de viagem que (agora) sigo não é essa. É a de conhecer ao máximo o destino pra nem sequer precisar voltar. Se precisar voltar é porque o destino é realmente foda (preciso lembrar que vou morar em Londres?).
Experiências e sentimentos, disso que é feita uma viagem. Minha humilde e modesta dica aos meus clientes e clientes dos outros é: experimente, sinta e viva cada detalhe do destino que for visitar. Não importa se vai parecer cafona, se vai dar medo, se pode não gostar. O ser humano tem se acostumado com a questão de criar pré-conceitos sobre determinado destino, comida ou povo e isso é limitador em todos os sentidos. Não traz benefício nenhum!
É importante viajar com uma base do que se vai encontrar, mas não pode-se deixar prender pela mesmice nossa de cada dia. Essa sede de querer mais não vai tornar a viagem só mais um carimbo no passaporte e sim um carimbo na memória, pra ninguém mais apagar.
Bah 1: Não deixa de contar pra gente qual o teu estilo de viajante. Os comentários tão à disposição! =)
Bah 2: Me inspirei pra escrever esse post ao me dar conta do título do blog "Aprendiz de Viajante".
Viajar talvez seja a melhor coisa do mundo depois de comer e de sexo rs