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Ir no Royal Albert Hall é sempre uma experiência massa. Foi minha segunda vez assistindo o Cirque du Soleil, mas com certeza não a última.
O massa do Cirque du Soleil é que eles tem vários tipos de espetáculos. O OVO, que segue em cartaz até dia 4 de março, é um deles - o 25º deles desde 1984 na real. Caso você queira assistir, eu recomendaria muito comprar um par de olhos extras porque tem muita coisa massa pra olhar no palco na maior parte do tempo. De danças a acrobacias e do cenário ao figurino. São detalhes que chamam atenção.
OVO foca na vida dos insetos, então tem várias representações de insetos que existem e outros que não - ou se existem eu desconheço. É uma experiência de ir ao circo elevado a um espetáculo com umas colheradas de teatro. A música na maioria das vezes é brasileira, com participação de gaita, cavaquinho e pandeiro. Música brasileira e insetos, eu sei, mas não te assusta, não tem nada a ver com o esteriótipo do brasileiro, até porque não rola arrastão em nenhuma parte. haha Infelizmente não é aquele tipo de música que fica na cabeça, como muito musical consegue fazer. Até porque não é musical.
A referência ao Brasil continua: OVO significa ovo mesmo. Em determinado momento chega um ovo no meio do palco e trás junto a metáfora sobre o início da vida e os ciclos.
Uma das três personagens principais, interpretada por Neiva Nascimento, que faz o entretenimento entre números. Eles falam numa língua que não existe (tipo os Minions) mas na hora de ela "falar" dá pra pegar facinho as referências pro português. O figurino dela é com bolinhas laranjas, asas e uma maquiagem colorida e exagerada. As bolinhas e as asas foram até usadas por uma participante da plateia que foi obrigada a ir pro palco e interpretou muito bem também, mesmo que de surpresa. Não ficou aquela coisa meio sem graça, envergonhada, de quando alguém é chamado pra ir no palco. O espetáculo é sem falas, então isso ajuda qualquer pessoa a participar de improviso sem medo; e facilita muito na hora de assistir também. A pessoa que não fala "o livro está em cima da mesa" em inglês consegue aproveitar 100% do espetáculo.
Como eu já escrevi, é uma experiência de circo completa, ou seja: malabarismo, acrobacias, e até uma pessoa caminhando em cima de uma corda. Na real não é só isso: é andando de bicicleta em cima da corda. Com o queixo. O dele na bicicleta e o meu caído de ver aquilo. Pra mim o auge deste segmento foi um casal que usa um par de "cordas" como instrumento e vai deslizando por cada pedacinho do palco e do ar logo acima, como se fosse uma pena num dia de vento fraco e sem direção fixa. A sintonia que os dois têm torna ainda mais cativante, e apesar de nenhum som ser emitido, a gente se engaja de uma maneira extrema, torcendo sem perceber pra que tudo dê certo e saia como eles esperam. Tive a impressão de me questionar por um momento de "por que a gente tem que caminhar tão depressa e firme? Por que não pode ser algo leve assim?".
A comédia ficou por parte de outro dos personagens principais e apesar de ser meio pastelão arrancou algumas risadas de leve do hall lotado. Dava pra prever a piada, mas não chegava pra plateia com tanta graça. Não é tipo Chaves, sabe, que você assiste e já sabe o que vai rolar, mas mesmo assim acha graça.
Com certeza valeu a pena e recomendo muito. Mas faltou aquela pegada de engajamento, de querer estar lá, fazer parte, subir no palco, dançar, atuar. Despertei tudo isso em outras peças que assisti em Londres, mas coloquei estas vontades pra hibernar de novo ao levantar da minha cadeira no Royal Albert Hall.
Quando: 7 de janeiro a 4 de março de 2018
Onde: Royal Albert Hall
Quanto: a partir de £ 40 - compre aqui
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