A história do Guri em Londres

por Rafa
15 novembro 2015
Não quero me aparecer ou nada parecido. Bem pelo contrário, até porque tenho horror a isso. O que quero com este post/vídeo é inspirar pessoas e mostrar que é possível realizar algo quando se coloca a mão na massa pra valer! Quero poder inspirar muita gente a colocar a tirar qualquer projeto que seja do papel (incluindo, claro, mudar de país).

Além disso muita gente me pergunta como eu vim pra Londres, como vivo legalmente aqui, e qual minha história/trajetória na cidade então resolvi fazer este vídeo pra esclarecer várias dúvidas de uma vez.



Agora vamos esmiuçar esta história:

Era março de 2012 e eu resolvi que iria fazer um curso de rádio e por isso não cursei aquele semestre da faculdade. Pra guardar dinheiro pro dito curso. Ele acabou não formando a turma e fiquei com o dinheiro guardado. Nos dias fiquei chateado, hoje sou grato.

No início de agosto, alguns meses depois, meu gerente na FOX, a agência que eu trabalhava, me ofereceu uma viagem à África do Sul que a agência havia ganhado. O custo era na verdade reduzido pra R$ 2 mil. Como eu já tinha aquela grana guardada pensei que seria uma ótima oportunidade pra gastar ela. Chegando em casa eu me dei conta que na verdade eu poderia usar aquele dinheiro e vir pra Londres (na época a passeio ainda hehe). Agentes de viagens tem valores mais baratos com companhias aéreas e o dólar estava baixo na época (R$ 1,99). O que fiz então foi cancelar a viagem da África e confirmar o voo de ida a Londres e de volta de Paris.

Em novembro de 2012 cheguei em Londres e me apaixonei de vez pela cidade. Tinha uma pessoa já em Londres e ela me convidou pra me mudar, pra morar de vez. "Eu? Jamais!" Tô com tudo rolando, faculdade, carro, casa, trabalho, bandas... Na-na-ni-na-não.

Retornando ao Brasil bateu a tal depressão pós-Londres e em meados de março concluí que realmente gostaria de me mudar. Dei o OK pra ela e comecei o planejamento que envolveu basicamente 1) não cursar faculdade de novo, pra poder economizar dinheiro (na época a Libra estava R$ 3,60) e 2) melhorar meu inglês, porque já tinha sofrido o bastante com o sotaque britânico na minha primeira visita a Londres.

Em agosto de 2013 criei este blog pra poder dividir minhas experiências e futuramente, quem sabe, oferecer serviços e passeios pra brasileiros. Pensando nesta segunda parte, comprei um guia de turismo da Folha de São Paulo e comecei a estudar tudo sobre a história de Londres e as atrações turísticas. Visitava os sites e os locais pelo Google Street View pra ajudar nos meus estudos de localização. E vou dizer que isso ajudou e muito como base pro que faço hoje.

Em setembro comprei minha passagem (em outubro que contei pro meu pai, mas enfim...) e tudo já estava mais que definido. Dia 31 de dezembro saí da outra agência que estava trabalhando, a Flytour Caxias do Sul, pra no dia 14 de janeiro de 2014 poder chegar à terra da Rainha com uma cidadania europeia pra me deixar entrar sem problemas; uma amiga que me recebeu de portas abertas (na real vim com ela do Brasil); e muita vontade e disposição de fazer tudo acontecer.

Chegando aqui, coloquei no ar neste blog uma página oferecendo os mais variados tipos de serviços pra brasileiros que estivessem vindo a Londres e mandei e-mail pra várias agências de viagem. Passaram-se 15 dias e quem me contatou não foi nenhum possível cliente, mas sim a Eneida, do blog Londres para Principiantes. Ela disse que viu esta página de serviço e estava com ideia de fazer um passeio por pubs históricos em Londres, perguntando se eu teria interesse em fazer uma parceria.



Na hora gostei da ideia, comecei a estudar de todas as formas pro nosso passeio. Neste meio tempo, em fevereiro, comecei a trabalhar como runner (auxiliar do garçom, basicamente) em um restaurante aqui de Londres chamado Las Iguanas. Passaram-se os meses e em abril de 2014 lançamos o primeiro pub crawl histórico. Dividia meu tempo entre as duas atividades sendo cinco dias por semana (às vezes seis) no restaurante, um dia fazendo o passeio e um dia de folga.

O tempo foi passando, mudei de posição e virei bartender neste restaurante (algo que iria me deixar mais contente) e percebemos que tinha dado certo o passeio. Resolvemos então criar um novo tour e comecei a desenhar um tour sobre a história dos Beatles em Londres. Em outubro lancei este passeio e reduzi os dias de trabalho no restaurante, sendo minha agenda:
Segunda-feira: das 8h às 20h no restaurante
Terça-feira: pub crawl
Quarta-feira: das 8h às 20h no restaurante
Quinta-feira: Beatles tour
Sexta-feira, sábado e domingo: folga

Mais detalhes: no restaurante eu tinha que chegar às 8h pra poder receber todas as bebidas (que não eram poucas, haja vista que a unidade em que eu trabalhava é a mais movimentada da rede), conferir tudo e colocar na dispensa (terminava isso por volta de 10h30). Depois tinha que abrir o bar preparando as frutas que seriam usadas, descartando itens passados da validade, carregando a máquina de café, trocando os barris de cerveja, ou seja, deixando um bar com cara de bar. Às 12h o restaurante e o bar abriam, às 15h fazia uma hora de almoço e às 20h estava liberado. A não ser no meu último dia de trabalho que fiquei lá até às 22h.

No final de semana eu tinha folga, como descrevi acima, mas não ficava de pernas pro ar como deve ter soado. Bem pelo contrário. Quando estava criando o tour dos Beatles percebi que havia material suficiente pra um tour relacionado à música, em especial ao rock britânico. Já quando lancei o Beatles comecei a estudar pra este terceiro passeio. O roteiro ficou ótimo e pensei em sair do restaurante. Fiz muitos e muitos cálculos pra ver se poderia assumir este risco e sim, resolvi encarar.

No dia 14 de janeiro de 2015, exatamente um ano depois de ter colocados meus pés na cidade pela primeira vez, fiz meu último dia de trabalho no restaurante, e no dia seguinte acordei um profissional autônomo. Eu comecei a fazer os passeios então segunda (Beatles), terça (pubs) e quinta (música).

Note aqui, caro leitor, que eu não precisaria ter saído do restaurante. Eu poderia ainda trabalhar lá nos finais de semana, ou ainda só dois dias por semana, como já era o caso. Mas não. Não me mudei pra Londres pra "fazer dinheiro" como é o caso de muita gente. Vim pra cá pra viver e aproveitar o que a cidade tem pra oferecer. Vim pra cá pra amar a cidade e fazer o que amo, e não pra viver a vida que os outros querem que eu viva ou fazer o que esperam que eu faça.

Eu optei por ainda assim sair do restaurante pra poder ter tempo livre pra me dedicar às minhas paixões: música e comunicação. A música voltou a fazer parte da minha rotina quando entrei pra uma banda, que chegamos a fazer alguns shows por aqui e até a gravar duas músicas (esta e esta). Ela deixou de fazer parte da minha rotina quando o Chá dos 3 entrou na história. O podcast consome um bom tempo de pré e pós produção, então achei melhor abrir mão de algo, pelo menos por enquanto.

A comunicação, claro, também envolve o YouTube. Eu sempre gostei muito de fazer vídeos e é algo que faço há mais de seis anos... Um dia ainda vou ter coragem de mostrar estes vídeos antigos (quando chegar nos 10 mil inscritos, talvez?). Então em no final de março que comecei a fazer vídeos pro meu canal atual, e desde então não falhei uma semana sem postar algo novo. Estou inclusive muito feliz com o feedback positivo que estou tendo.

Volto a dizer: não estou dividindo minha história pra dizer "sou foda, olha o que eu fiz e tu não". Pelo amor de Deus, não pense nisso. Eu até pensei várias vezes antes de fazer este vídeo e post justamente porque não quero passar esta imagem porque tenho horror a isso, sério. O que quero é esclarecer as dúvidas de muita gente e também inspirar muitos outros a fazerem o mesmo. Não a começar um blog e blablabla, mas sim a correr atrás dos objetivos porque é possível realizar! Se este objetivo for começar um blog e blablabla ou se mudar pra Londres, eu estou aqui pra provar que é possível.



Eu sempre digo também que me adaptei muito fácil, mas acredito que vários fatores influenciaram nisso. Eu tinha uma pessoa aqui, fiz várias novas amizades, sempre mantive a cabeça ocupada e claro, sou apaixonado pelo país. Parece besteira, mas gostar de pubs, da história do país e até do frio (que tanto amo) influenciam e muito. Muita gente vem pra cá e não se adapta tão fácil mesmo estando aqui há anos. É coisa que varia de pessoa pra pessoa dependendo da personalidade de cada um. Não tenha Londres como o paraíso. Pra mim é a melhor cidade do mundo, mas pra muita gente, acredite, é a pior. Cada um tem sua história. Cada um tem sua personalidade - inclusive as cidades.

Claro que não recomendo a ninguém vir pra cá ilegalmente, ter uma cidadania europeia não só ajuda como é essencial como no meu caso, mas tenho certeza que com fé e determinação consegue-se alcançar qualquer objetivo. Se ele for verdadeiro, se tiver muito amor envolvido, o teu foco e tua energia positiva vão naturalmente se voltar pra aquilo e, pode acreditar, tudo vai dar certo.

Sou muito feliz com tudo o que está acontecendo comigo até hoje e grato pelas pessoas que Deus colocou em meu caminho. Sem elas esta trajetória teria um rumo completamente diferente, se é que existiria.

Cada vez mais pretendo fazer um trabalho completamente voltado pro BEM e pro lado positivo. Seja com o blog, com o canal ou o que for. Tenho certeza que isto retorna também de forma positiva sempre. Se não voltar, pelo menos posso dormir tranquilo todas as noites. 🙂

Em breve vou fazer um post falando sobre documentação, então fique de olho no blog pra não perder quando sair. O melhor jeito é assinando a newsletter ali do lado direito, tá?

Como falei acima, cada um tem sua história. Esta é a minha. E tu, qual tua história? =]



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