Tenho visto isso rodando pelas internetssss: “Shakespeare escreveu suas obras durante uma quarentena”.
Será? Como bom desconfiado (e guia curioso 😏), resolvi investigar se isso era possível.
E, olha… tem mais verdade nessa história do que parece.
A peste em Londres: quando os teatros fecharam por meses
Como já contei em outro post, a Grande Peste de Londres chegou com força total em 1665, mas muito antes disso já havia surtos violentos.
O próprio William Shakespeare nasceu em 1564, no meio de um surto da peste em Stratford-upon-Avon.
Em 1592, a Coroa mandou fechar todos os teatros de Londres para conter a epidemia.
E o pior: isso aconteceu justamente na alta temporada teatral, entre a primavera e o verão.
Sem aquecimento, iluminação artificial ou Netflix, as apresentações dependiam 100% da luz natural.
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Quarentena e criatividade: o caso de Romeu e Julieta
Cinco anos depois desse fechamento, Shakespeare escreveu Romeu e Julieta (1597), uma de suas obras mais conhecidas.
E sabe o que aparece no enredo? Uma quarentena.
O mensageiro encarregado de avisar Romeu que a morte de Julieta era falsa nunca entrega o recado — porque foi colocado em quarentena por suspeita de peste.
Coincidência? Talvez não.
É provável que Shakespeare tenha se inspirado nos confinamentos que viveu — quando a cidade parava e o medo tomava conta das ruas.
O pior surto da peste na época de Shakespeare
Em 1603, outro surto atingiu Londres, matando mais de 30 mil pessoas.
Era o mesmo ano da coroação do rei James I, que precisou ser adiada.
Nos dez anos seguintes, os teatros ficaram fechados por 78 meses no total — mais de seis anos de isolamento!
Imagine um artista como Shakespeare, com sua trupe sem palco, o público isolado, e o medo da doença espalhado pela cidade.
Se não é cenário pra inspiração, não sei o que é.
Rei Lear: Shakespeare e a peste na arte
No meio desse caos, em 26 de dezembro de 1606, a companhia de Shakespeare apresentou Rei Lear pela primeira vez para o rei James I.
É uma das peças mais sombrias do autor — cheia de morte, doença e loucura.
Em um dos trechos, o próprio Rei Lear grita:
“Vingança! Peste! Morte! Confusão!”
Shakespeare estava cercado por peste, incerteza e isolamento.
E, ainda assim, escreveu uma das obras mais intensas da literatura mundial.
O que Shakespeare nos ensina sobre quarentena e resiliência
Mesmo sem saber exatamente o que ele escreveu em cada período, é claro que as experiências da peste moldaram suas histórias.
Ele viveu confinamentos, perdas e medos — e transformou tudo isso em arte.
🌿 Assim como Shakespeare, a gente também sai diferente de cada crise.
Mais reflexivo, mais criativo, e (espera-se) mais humano.
Então, se ele escreveu durante a peste, nós também podemos criar, conversar e aprender durante as nossas quarentenas modernas.
Como diria o próprio bardo: “We are such stuff as dreams are made on.”
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