Sempre me perguntam: “Rafa, onde comer bem em Londres sem cair em armadilhas para turistas?” Então aqui está: meu guia pessoal com dicas de restaurantes em Londres, desde cantinhos escondidos a lugares famosos que realmente valem a pena. Sem frescura, com sinceridade e aquele olhar de guia Blue Badge que adora explorar sabores e descobrir mesas com histórias para contar. A página está em constante atualização.
E já aviso: cada dica aqui é fruto de muita pesquisa (e muitos pratos provados 😅). Compartilha com quem vai viajar e me ajuda a ter motivação (e grana 💰) pra continuar provando e recomendando lugares incríveis pela cidade.
Já postei dicas de lugares rápidos e baratos pra comer em Londres.
Seleção do Guri - meus favoritos
Fallow
O Fallow já começou ganhando pontos no quesito atendimento. Rápido, atencioso e, o que mais me conquista: o garçom realmente ajudou a decifrar o menu, explicando pratos e dando sugestões sem pressa. Mesmo sentado no bar (que em muitos restaurantes significa aperto e acotovelamento - Barrafina, tô de olho em ti) aqui o espaço era surpreendentemente confortável, com uma vibe agradável e serviço impecável que dá vontade de ficar mais um pouquinho.
De entrada, o prato de mushrooms foi uma pequena alegria gastronômica. A cebola caramelizada parecia ter passado horas chegando na doçura perfeita, os cogumelos vinham frescos e suculentos, e o pão grelhado tinha aquele toque amanteigado sem ser enjoativo. No principal, o lamb shoulder roubou a cena: macio a ponto de se desfazer, cozido num ponto irrepreensível. O miso de aubergine lembrava um ketchup menos doce, complexo, vibrante, elevando ainda mais o sabor da carne. É o tipo de prato que faz você desacelerar só para curtir cada garfada.
E aí veio a Chelsea tart, a sobremesa que me fez suspirar. Feita com soro de leite caramelizado, tem aquela alma de pudim misturada com o sabor acolhedor de um doce de leite delicado. Voltaria fácil só por ela. No conjunto, o Fallow entrega um dos combos mais raros em Londres: ambiente agradável, cozinha criativa e serviço realmente bom. Saí com aquela sensação simples e sincera: quero voltar.
Perfeito para: curiosos por culinária, interessados em cozinha britânica contemporânea
Faixa de preço: ££ (mas o menu de almoço salva!)
Onde fica: Haymarket, pertinho de Piccadilly Circus
Hawksmoor

Rump steak do Haksmoor, delicioso e no ponto!
Se você procura um clássico britânico bem executado, o Hawksmoor não decepciona. Fui no almoço e olha, o menu de 2 pratos é um achado em Londres para quem quer provar carne de primeira sem gastar uma fortuna.
De entrada pedi a salada de cavala. O peixe é forte mesmo (como já é esperado), mas veio no ponto certo de sal. As batatinhas estavam ótimas e o molho, cremoso, quase com cara de queijo. Ainda rolou um toque de queijo ralado por cima – combinação que funcionou muito bem.
O prato principal foi o rump steak, e aqui o Hawksmoor mostrou por que é famoso. Carne perfeita, no ponto exato, tempero só com sal e nada mais. Sério, foi o melhor corte que já provei em Londres. Acompanhamento de batata? Sim, bem gordurosa, mas nada que estragasse o conjunto.
Na sobremesa, uma pavlova impecável: crocante por fora, cremosa por dentro, nada exageradamente doce. O tamanho também foi ideal, não sai rolando da mesa.
O ambiente é bem bonito, sem música de fundo, mas prepare-se para o som alto da conversa da galera – energia animada, não intimista. A carta de vinhos é ótima, e o Riesling que provei estava super refrescante, combinou perfeitamente com o almoço.
Perfeito para: amantes de carne, encontros casuais ou almoço de negócios que impressiona sem ostentar
Faixa de preço: £££ (mas o menu de almoço salva!)
Dica extra: vá no menu do almoço, é ótimo custo-benefício e dá pra provar o que o Hawksmoor tem de melhor
Onde fica: várias unidades, veja no Google Maps.
Restaurantes em Londres - minhas avaliações
Gaucho - argentino, carne ótima e no ponto ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

Entrada: camarão delicioso e suculento

Carne no ponto e batatas fritas deliciosas
Se você gosta de carne bem feita e com um toque latino, o Gaucho pode ser a sua parada em Londres. Eu fui no almoço e já comecei feliz com o camarão empanado: crocante, temperado na medida e com aquele molhinho que pede um limão espremido em cima. Depois veio o prato principal: rump steak no ponto perfeito, com chimichurri generoso por cima que elevou o sabor. As batatinhas fritas (chips) eram do time “congeladas mas gostosas” – nada revolucionário, mas cumpriram bem o papel.
Para acompanhar, não resisti a uma taça de Malbec argentino (£10). Convenhamos: churrasco argentino sem Malbec não tem a mesma graça. O menu de almoço (£17.95) é um bom negócio, ainda mais considerando a localização e o ambiente. O menu fechado tem 3 opções de entrada e 3 de prato principal. Por £ 2 extras pode adicionar uma sobremesa.
A atmosfera é elegante, com aquele ar de “date night”, mas no horário do almoço é mais tranquilo, ideal para casais ou amigos que querem comer bem sem estourar o orçamento. Se for à noite, recomendo reservar.
Perfeito para: elegante ou jantar romântico
Faixa de preço: ££
Dica extra: peça o menu de almoço – é o melhor custo-benefício da casa.
Onde fica: várias unidades, veja no Google Maps.
Flat Iron — carne boa, ambiente sem firula e preço amigo ⭐️⭐️⭐️⭐️
Se Londres fosse uma escola, o Flat Iron seria aquele aluno que não tenta ser o mais popular, mas sempre tira boas notas e todo mundo gosta. O cardápio é quase minimalista: um único corte, o famoso Flat Iron (ou “raquete”, pros brasileiros de churrasco). Vem fatiado, no ponto certo, macio, com aquela borda mais gordurosa que dá um sabor extra – ou, pra alguns, um “ih, será que era pra ter isso aqui?”.
Tentei ousar e pedi a berinjela assada. Arrependimento em forma de vegetal: murcha e sem emoção. Já o molho de sweet chili com maionese… meh. A real é que a dupla oficial é carne + batata frita, e pronto. Pelo preço (£15 pelo steak, £4 acompanhamentos, £6 taça de vinho), isso em Londres é quase milagre – e ainda rola pipoca de cortesia e sorvete de despedida.
O ambiente é simples, sem frescura, e justamente por isso funciona. Não tem aquela tentativa forçada de ser “instagramável”. Dica de ouro: pergunte pelo corte especial do dia (tá no quadro-negro ou o garçom sussurra no seu ouvido).
Perfeito para: jantar rápido e bom depois do trabalho, encontros casuais, grupos de amigos famintos.
Faixa de preço: ££
Dica extra: se não quiser fila, chegue cedo (ou tarde) – e já peça batata frita sem drama.
Onde fica: várias unidades, veja no Google Maps.
Sael ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
Vinho inglês, sim. Pra ditar o tom, este é o forte da carta de vinhos deles. É um aviso: aqui o foco é o Reino Unido. Mas o país de hoje, moderno, reinventado, com influências. Mas essencialmente britânico. Lembre disso.
Até porque de entrada, a Marmite tart foi uma surpresa elegante: perfeita para quem tem medo do sabor intenso do Marmite (uma pasta de extrato de levedura, bem popular aqui no país), porque aqui ele aparece domado, misturado a um adocicado que equilibra tudo de um jeito quase refinado. Já o black pudding roll chega com textura agradável e uma gordura na medida; o black pudding é uma salsicha feita com sangue de porco, e o sabor é presente sem ser agressivo, mas o molho de maçã poderia ter mais presença. Ainda assim, é o tipo de entrada que te prepara para algo especial.
E esse “algo especial” chega no prato principal. A couve, primeiro de tudo, estava tão perfeita que eu queria sinceramente aprender a receita: crocante, saborosa e no ponto exato. A galinha-d’angola vinha macia, se desfazendo deliciosamente, acompanhada de um creme de nabo e purê de batata que deixavam tudo mais aveludado. Mas o golpe final foi o molho de haggis: intenso, aromático, trazendo aquela alma escocesa de tradição reinterpretada com modernidade. Haggis é um prato típico escocês de estômago de ovelha recheado com aveia e especiarias. O molho aqui não tem o estômago, eles tem o sabor do prato sem ser o prato. É quase como provar um haggis escondido num prato elegante.
Para fechar, a sobremesa baked apple ice cream com fig roll (massinha recheada com figo e sorvete de maçã) foi pura poesia britânica com um toque emocional brasileiro. O sorvete tem gosto de torta de maçã quente… só que gelada. Notas de canela e especiarias sem excesso de açúcar. Mas o verdadeiro destaque foi o fig roll, que me bateu direto na memória afetiva: por dentro, parecia a chimia de figo que minha mãe faz, e por fora uma bolachinha amanteigada e leve. Sinceramente? Queria esse fig roll em pacotes para levar pra casa.
O Sael entrega aquela experiência rara em Londres: técnica, sabor e emoção num mesmo prato. Dá pra sentir a alma da culinária britânica com sabores intensos e cara de terceiro milênio.
Perfeito para: conhecer a cozinha britânica com um toque contemporâneo, pra quem curte surpresas gastronômicas
Faixa de preço: ££
Dica extra: não deixe de provar o fig roll
Onde fica: pertinho de Piccadilly Circus
Bancone ⭐️⭐️⭐️⭐️

Nhoque do Bancone
O Bancone é aquele tipo de restaurante que parece moderninho, com teto alto e barulhinho de gente feliz ao fundo.
Provei o gnocchi com stracciatella e fiquei de cara – parecia um purê de batata super amanteigado, leve e fofinho. O molho de tomate não me emocionou muito, mas cumpriu o papel. O queijo que prometia ser defumado… bom, se tinha fumaça eu não achei. 😂 Agora, a sobremesa: um canoli de pistachio que foi simplesmente um dos melhores doces que já comi em Londres. Do tamanho perfeito, dá vontade de pedir outro.
O vinho estava ótimo, o serviço foi ok (nada de especial, mas também nada que atrapalhasse), e curti o parmesão ralado direto no prato, comum pra restaurantes italianos, mas eles capricham.
Dicas rápidas: se puder, reserve antes, porque a casa enche fácil, especialmente no fim de semana. Ou vá no almoço.
Achei ideal pra um encontro mais descontraído ou aquele jantar entre amigos que querem comer bem e bater papo. Não é o lugar mais tranquilo do mundo pra famílias com crianças pequenas.
Perfeito para: casais e amigos que curtem massa e sobremesa boa
Faixa de preço: ££
Dica extra: peça o canoli sem pensar duas vezes
Onde fica: várias unidades, veja no Google Maps.
Barrafina ⭐️⭐️⭐️⭐️
Barrafina costuma carregar aquela aura de “tem que conhecer” quando menciona o nome pra alguém da cidade, mas a minha chegada já começou meio morna. O atendimento foi sem brilho, quase automático. Nada de boas-vindas, nada de aquele sorriso de “que bom que você veio”, apenas um gesto rápido indicando onde sentar. Fui indicado pro balcão, que vende a ideia de socialização e tapas espanholas animadas, mas na prática trouxe mais desconforto do que charme. A vibe era menos “Barcelona animada” e mais “canteen de luxo”.
Nos pratos pequenos, a montanha-russa começou. Os croquetes, apesar de cremosos e com um toque leve de picância adocicada, ficaram no território do “meh”: nada que empolgue ou dê vontade de repetir. A salada de butter bean com pimentão e atum veio bem temperada, com o frescor do atum super evidente. Boa, mas com alma de acompanhamento, faltando aquela explosão que faz uma tapa brilhar. Já a couve-flor com sherry vinegar foi, sem dúvidas, o momento “ufa, finalmente!”. Bem passada, com leve defumado, textura agradável e sabor marcante. Foi o único prato que realmente me fez pensar: “ok, aqui tem cozinha”.
Para fechar, a crema catalana salvou o humor da noite: um crème brûlée mais espesso, com colheradas cremosas, topo bem açucarado e notas cítricas delicadas. Honestamente? Voltaria só pela sobremesa. E talvez — talvez! — para provar um dos pratos grandes, especialmente os de frutos do mar, que parecem mais promissores. Com tapas entre £8.50 e £10.50, a conta de £51 não doeu, mas também não deixou aquela vontade de correr de volta. Resumo da ópera: Barrafina continua famoso, mas nem sempre fama rima com faísca.
Perfeito para: grupos de amigos, quem quer experimentar vários pratos, com uma pegada mais refrescante.
Faixa de preço: ££ (mas o menu de almoço salva!)
Dica extra: sente no balcão pra uma experiência mais completa.
Onde fica: várias unidades, veja no Google Maps.






