É irônico que eu sou guia em Londres mas não gosto muito de passeio guiado. Tenho medo de ser um tour bastantão e o guia não falar bem ou não ter muito conhecimento. E foi por isso que o tour da Helô Righetto sobre mulheres incríveis em Londres me agradou tanto.
O assunto já é muito bacana e diferente do que se espera. A Helô e a Ju são feministas, e isso não é surpresa afinal todos compram o tour através do Conexão Feminista. Mas se tu não conhece o site ou o assunto, calma! Prometo que não é comício em praça pública e baixaria. É discussão como tem que ser. É conhecimento mesmo.
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Eu não me senti guiado apenas por Londres, mas por um assunto diferente do que eu estudo, leio ou tenho conhecimento. É o que toda viagem faz com a gente: abre a cabeça, expande, faz pensar. E a forma como a Helô fala, apaixonada pelo assunto, contagia. Com a mochila nas costas, garrafa de água na mão e paciência na cabeça, ela fala com devoção e propriedade, gesticula, aponta, mostra e tira dúvidas. E cá pra nós: um/uma guia que tira dúvidas tem seu valor né? O passeio deixa de ser uma palestra e vira um bate-papo, e tudo fica mais agradável.
As gurias não só contam as histórias mas nos ajudam a interpretar o significado. Não só falam de algum monumento, mas vão além e nos fazem entender o que eles representaram quando foram colocados e o que representam hoje. Um dos exemplos é o memorial de Edith Cavell. Edith era uma enfermeira britânica na Primeira Guerra Mundial. Ela encontrou o final dos seus dias no Tir National, que até que é um nome bonito pra um local de execução. Coisa de belgas. "Por quê?", eu te ouço perguntar. Basicamente porque ela salvou vidas. Segundo ela, "patriotismo não é suficiente, eu não vou ter ódio no meu coração". E com esse lema em mente, ela salvava soldados de ambos os lados. E o irônico é que ela foi executada pelos alemães! Não foi executada por ser patriota, nem por ser humana, mas por ser mulher e fazer algo além do que ela deveria estar fazendo. Inclusive, "humanidade" é justamente a palavra que ajuda a decorar o monumento cinzento dela, ao lado da National Portrait Gallery. O monumento está lá desde 1920, dois anos depois do fim da guerra. Já reparou nele? O que ele fazia pensar na época, e o que ele nos faz pensar hoje?
Por falar na National Portrait Gallery, em um dos momentos do tour o grupo visita a galeria pra saber mais sobre outras figuras. Não vou falar mais pra não entregar tanto de um passeio tão massa, mas as gurias consideram uma das pessoas a mãe do feminismo. Aí já acho que digo o suficiente né?
O legal do tour é que o conhecimento que era limitado ao site e ao canal no YouTube vai pras ruas de Londres. Por exemplo, ao invés de falar sobre Charles Berry e sua famosa construção, a Helô fala do episódio que as suffragettes se acorrentaram na Ladies Gallery, uma galeria dentro do Parlamento, de onde as mulheres podiam assistir as sessões sem "perturbar" os homens tadinhos não querem ser perturbado oint.
Ou seja, além de ver locais como o Parlamento Britânico, St. James's Square e Trafalgar Square, tudo vai ter uma história a mais pra contar e de um assunto que geralmente nem assunto é. Acaba sendo uma forma diferente, interessante e inteligente de ver e saber mais do mesmo. Instiga a curiosidade e te faz ver com outros olhos o teu momento atual e a tua realidade.
QUER IR?
O tour custa £ 14 (fev/18) e as datas (geralmente uma por mês) estão na página do Conexão Feminista no Facebook.
Te liga que têm dias em português e outros em inglês! 🙂
Muito obrigada, Rafa!
aeee tamo junto! 😀
Também adorei o tour da Helô...as vezes guia também gosta de ser guiado! 😉
Verdade né? hehehe 🙂
Bjão!