Pandemias e história: o dia em que Londres se calou
Em tempos de crises e pandemias, é sempre bom olhar pra trás e lembrar que Londres já viveu o isolamento — há mais de 365 anos!
Durante a Grande Peste de Londres (1665–1666), o comércio fechou, famílias se trancaram em casa e o medo se espalhou pelas ruas fedorentas da cidade.
Foram cerca de 100 mil mortos em 18 meses — quase um quarto da população.
Londres em 1665: sujeira, ratos e o cheiro da peste
Na época, Londres era um verdadeiro caos urbano.
Todo o lixo era jogado pra fora das muralhas da City of London, e o conceito de saneamento básico simplesmente não existia. As ruas eram um paraíso para os ratos — e um inferno para quem vivia lá.
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A origem da peste bubônica na Inglaterra
A Peste Negra já tinha assolado a Europa desde o século XIV, mas o surto de 1665 foi o mais devastador para os londrinos.
Em 1663, surtos em Hamburgo e Amsterdã fizeram com que navios vindos de lá ficassem em quarentena por 40 dias — origem, aliás, da palavra “quarentena”.
O contágio ocorria principalmente através de pulgas infectadas em ratos, embora na época ninguém soubesse disso. Só em 1894 os cientistas descobriram a bactéria Yersinia pestis — e a confirmação por DNA veio apenas em 2016.
A desigualdade na peste: ricos fugiam, pobres ficavam
Enquanto a elite londrina fugia para o campo ou andava protegida em hackney carriages e sedan chairs, o povo não tinha pra onde ir.
A maioria dos trabalhadores pobres permaneceu na cidade, tentando sobreviver e evitando o contágio — muitas vezes em vão.
Quando alguém da família era diagnosticado, uma cruz vermelha era pintada na porta com a frase “Senhor, tenha piedade de nós”. Era o fim: todos dentro da casa eram forçados ao isolamento, e quase sempre, à morte.
Os “procuradores da morte” e os números da tragédia
Havia uma profissão específica para registrar as mortes: os searchers of the death, ou “procuradores da morte”.
Eles anotavam as causas, mas muitas famílias pagavam para esconder o diagnóstico, evitando o isolamento obrigatório.
Por isso, o número oficial foi 68 mil mortos, mas os historiadores concordam que o total real chegou a 100 mil.
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Daniel Defoe e os relatos da Grande Peste de Londres
O escritor Daniel Defoe, autor de Robinson Crusoé, viveu parte dessa época e descreveu o cenário em detalhes no livro A Journal of the Plague Year (1722).
Ele relatou cenas de carroças cheias de gente fugindo de Londres, com mulheres, servos e crianças tentando escapar do medo invisível que tomava conta da cidade.
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A fuga do rei e o retorno da corte a Londres
O rei Charles II e sua corte também fugiram para o interior. Só retornaram em fevereiro de 1666, quando as autoridades declararam a cidade “segura”.
Logo depois, as famílias que haviam deixado Londres voltaram — sem imaginar que, meses mais tarde, outro desastre viria: o Grande Incêndio de Londres, em setembro do mesmo ano.
O isolamento de 1665 e o nosso: o que mudou
A principal medida para conter a peste foi o isolamento total.
Poucas pessoas saíam de casa, o comércio parou e a vida ficou suspensa. Soa familiar, não?
A diferença é que, hoje, sabemos o que causa uma pandemia e como combatê-la.
Em 1665, ninguém sabia. A ciência levou séculos pra responder o que agora lemos num post.
Reflexão: o que a peste ensinou a Londres (e a nós)
Mesmo sem tecnologia, os londrinos descobriram que ficar em casa salva vidas.
E, como toda crise, essa também passou.
A cidade renasceu, o comércio reabriu e a história seguiu — até virar lição (e post!).
🕰️ Então respira, segue as recomendações, e lembra: isso também vai virar história.
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Gostei do texto. Só acrescento que uma das formas de cura foi manter acesas tochas, dia e noite, para "purificar" o ar, espalhar, por todos os cantos, pimenta e resina aromática e, claro, isolar-se.