Minha casa não é mais minha casa: uma crônica sobre mudança e pertencimento
🏠 Minha casa não é mais minha casa. Foi essa a sensação que tive quando voltei ao Brasil, depois de alguns anos morando em Londres. Reencontrar o lugar onde cresci — onde passei meus primeiros 17 anos — foi como rever um velho amigo que, apesar de estar igual, já não se encaixava na minha vida do mesmo jeito.
O vazio que não é de móveis
Ela não estava vazia de móveis nem de lembranças.💭 Ela estava vazia de movimento, de vida, de novidade. Enquanto eu conhecia novas culturas, aprendia, mudava, ela ficou parada no tempo. Era como se tivesse congelado na versão antiga de mim.
As casas vizinhas seguiram, receberam novos moradores, se transformaram. A minha ficou ali, esperando visitas ocasionais, um pouco esquecida.
Minha antiga casa e eu: um diálogo silencioso
Apesar disso, houve acolhimento. Senti como se eu e o meu lar conversássemos: ela ainda me recebia, mesmo sem entender minhas novas manias ou referências. Eu mostrava algo que ela não conhecia, ela me lembrava coisas que eu havia esquecido.
Foi um choque perceber que até uma casa pode se tornar estranha quando nós mudamos demais.
Mudanças inevitáveis
Na vida de imigrante, mudar é regra. Cada pessoa que conhecemos e cada lugar que vivemos deixa marcas. Seja no jeito de comer, de falar, de pensar ou até de segurar o garfo.
Ignorar esse processo não é apenas “parar no tempo”, é andar pra trás. É como ficar preso a uma versão antiga de si mesmo. Por isso, mais do que nunca, valorizo meus relacionamentos, minhas conversas e experiências fora do sofá e da televisão.🌍🧑🤝🧑🔄
O que é “lar”, afinal?
Se eu mudo, por que minha casa também não poderia mudar? Talvez no fundo seja só um endereço, enquanto o que realmente importa é o sentimento de segurança, pertencimento e acolhimento que ela transmite. 💖
E é isso que levo comigo: a consciência de que esse “novo eu” também não é definitivo. Na próxima vez que eu voltar, algo em mim já terá mudado de novo — e isso é o que torna essa jornada tão fascinante. ✈️
Reflexão final
A frase que não sai da minha cabeça é simples: minha casa não é mais minha casa. Mas talvez isso não seja algo ruim. Talvez seja só um lembrete de que o mundo muda, nós mudamos, e até aquilo que chamamos de lar pode ganhar novos significados.
Seu texto me emocionou!!! Lembrei de um retorno que fiz a casa de meus avós, após alguns anos da partida deles para o outro plano. A casa ficou empoeirando no tempo e ninguem mais habitava lá, apenas a visitavam, vez em quando, pra tirar as folhas secas do telhado... A casa de minha infância não era mais minha e não era de mais ninguem...
Que foda isso né?
Interessante o fato de ter sido apenas fechada a casa e parado no tempo. Fico feliz que te identificou.
Abraço e tudo de bem.
"Bacana" demais Rafael! Penso que é por aí mesmo, precisamos crescer e evoluir, e nada melhor que isso é construir uma mentalidade de desbravamento do desconhecido. Hoje você tem uma grande noção de mundo, podendo partilhar e compartilhar toda a sua experiência de vida. Continue firme nos seus propósitos de vida, é com determinação, vontade e entusiasmo que mudamos, e você conseguiu. Por isso que na sua volta parece que o tempo parou, e o tempo só não para para as pessoas que "arregaçam" as mangas e "partem", sem medos ou receios, pois a vida nos ensina que basta coragem para descobrir o grande potencial que nós seres humanos temos para desenvolver. Boas lembranças de Londres, boas lembranças do seu comprometimento, entusiamo, conhecimento e outros. Um forte abraço! Toni Pignatti (Brasília - Distrito Federal).
Olá Toni!
Que demais, obrigado pelo comentário. Realmente, concordo com o que escreveste.
Obrigado pelas palavras de carinho.
Grande abraço!
É isso Rafa, você merece! Seus valores são marcantes, e eles são referências da sua credibilidade. Continue nessa "toada" de crescimento e evolução humana. Para pessoas como você costumo dizer: "o céu é o limite". Parabéns!
Forte abraço!
Toni Pignatti.
Brasília - Distrito Federal
29/05/2017.
Obrigado Toni, de todo coração! 🙂
Depois que participei de um passeio pelos os pubs de Londres com o Rafa, também tive a impressão de que minha casa não é mais minha casa. Não sei se foram as cervejas tomadas ou o clima cosmopolita de uma cidade que permite ver o quanto se perde em ficar num só pub, numa só casa, num só país, numa só "patota" ou só num só círculo (vicioso).
Não, não foram as "cervas", o ciclo da virtude passa por questionar a individualidade no contexto em que vivemos, o quanto somos o que somos, em função destes acidentes do destino. O que poderíamos ser se estivéssemos em outras casas, se tivéssemos outra herança familiar, se conhecêssemos outros amigos ou se vivêssemos em outros tempos?
-Chega, num próximo Pub divagaremos mais sobre isto! Abraço, Rafa!
É uma boa reflexão a se fazer Flademir. A gente conversa sobre com uma pint na mão, tenho certeza que vai longe, tem muito pano pra manga. 🙂
Abraço!
Que beleza, Rafa! É um sentimento nosso, amigo! Abração!
Boa Ernani! Bom te ver por aqui.
Grande abraço!
Fala, Rafa!
Poxa, muito legal seu texto! Aliás, aproveitando a oportunidade, o seu canal também é muito legal! Você é um cara que produz cultura e transmite conhecimento.
Ficaria feliz se pudesse ler mais textos como esse.
Grande abraço!
Que demais Maurício, fico muito feliz que tenha curtido. Obrigado pelo feedback e pelas palavras de carinho.
Obrigado também pela motivação, tudo de BEM!
Belo texto! Representa muito bem a vida da gente, sempre buscando melhorar em algo. Pode não parecer muito aos olhos dos outros, mas internamente sabemos o quão duro foi chegar até aqui e o quanto ainda falta. Parabéns!
Boa João Paulo! Bem isso, mas a caminhada tem que seguir né? 🙂
Grande abraço!